sábado, 26 de agosto de 2017

PELES


Peles conta a história de vários personagens com diversas deformidades, físicas e psicológicas. O filme foi escrito e dirigido por Eduardo Casanova, sendo este seu primeiro longa. Na produção está Álex de la Iglesia, que eu chamei de "Tarantino sob efeito de ácido" após ter assistido seu filme Balada do Amor e do Ódio. Bom, nessa lógica, Casanova seria um Wes Anderson sob o mesmo efeito. 
Com cenários simétricos e paletas com tons rosa e lilás, Peles conta o drama de algumas pessoas com deformidades que buscam por aceitação. Laura não tem olhos, e desde criança é explorada sexualmente, trabalhando como prostituta para clientes inseguros. Ana possui um tumor na face e vive um relacionamento com Guille, que possui a face coberta por cicatrizes de queimaduras. Porém, Ana é objeto de desejo de Ernesto, obcecado pela aparência de Ana. O jovem Christian sonha em se desfazer de suas pernas e se transformar em sereia. A anã Vanesa trabalha fantasiada de um famoso personagem infantil. Samantha, talvez a mais desafortunada de todos, possui sistema digestivo invertido, que faz com que o ânus esteja em sua face. 
É um filme diferente do que a maioria espera, que causa desconforto, mas ao mesmo tempo consegue prender até o fim. Enquanto as deformidades físicas geram desconforto e repulsa, são as deformidades de caráter, mascaradas por uma pele "normal", que apodrecem e corrompem a sociedade. 

Título Original: Pieles
País de Origem: Espanha
Ano: 2017
Direção: Eduardo Casanova
Elenco: Ana Polvorosa, Candela Peña, Carmen Machi, Macarena Gomez

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domingo, 2 de julho de 2017

OKJA


Buscando aumentar os lucros da empresa herdada de seu pai, Lucy Mirando envia 26 filhotes de porcos modificados geneticamente para fazendeiros ao redor do mundo. Após 10 anos, o maior e melhor porco será apresentado ao mundo e premiado. Um desses porcos, Okja, foi criado pela menina Mikha e seu avô, numa região montanhosa da Coréia do Sul. Criada solta na região, com a companhia e o amor de Mikha, Okja se tornou o exemplar campeão e é levada embora. Mikha, então, parte atrás de sua amiga. 
O filme é cruel, incomoda mesmo quem não consome carne. Não é um soco no estômago. Tá mais para uma tijolada na cara. É uma bandeira levantada lindamente contra a crueldade a que são submetidos os animais na indústria alimentícia ("a cara e o ânus usamos para fazer salsicha, nada se perde"). O filme também prova (e bem provado) que não é necessário usar animais reais para fazer filme bom! Okja foi digitalmente construída, e consegue nos emocionar tanto...
Todos os personagens são caricatos (me lembrou Wes Anderson). O filme é exagerado, teatral, mas não menos real.

Título Original: Okja

País de Origem: Coréia do Sul, Estados Unidos da América
Ano: 2017
Direção: Bong Joon-ho
Elenco: Tilda Swinton, Seo-Hyeon Ahn, Paul Dano, Jake Gyllenhaal

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sábado, 5 de novembro de 2016

PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN


 O filme é feito em flashbacks, com a história "indo e voltando" no tempo. No presente, Eva mora sozinha, e tenta se reestruturar apesar da hostilidade com que é tratada pelos vizinhos. Antes de engravidar, Eva era autora de livros sobre viagens, e sua vida consistia de viagens pelo mundo. Com a gravidez, seu estilo de vida muda radicalmente. Essa frustração a impede de criar vínculo com seu primeiro filho, que se mostra uma criança bastante difícil. Logo no começo sabemos que algo grave aconteceu, porém ficamos apenas na expectativa, enquanto Eva busca, no passado, as evidências da maldade do filho que só ela parecia notar. Nessa busca, acaba se deparando também com a própria culpa. O filme prende do início ao fim, e as atuações são sensacionais. Perdi a conta de quantas vezes já vi esse filme. E cada vez novos detalhes chamam a atenção. 

Título Original: We Need To Talk About Kevin 
País de Origem: Estados Unidos da América
Ano: 2011
Direção: Lynne Ramsay
Elenco: Tilda Swinton, Ezra Miller, John C. Reilly

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domingo, 30 de outubro de 2016

BEM-VINDO À MARLY-GOMONT


Um médico recém-formado no Congo aproveita uma oportunidade para se mudar com a família para uma cidade do interior da França, e assim começar uma vida nova. Porém, ao chegar na nova cidade, são recebidos pelo desprezo de uma população que nunca antes conviveu com negros. Assim, o médico tenta ganhar a confiança de todos, apesar do choque cultural e da ignorância de muitos. Apesar do preconceito racial ser um tema pesado e cruel (a cena das crianças chegando na escola é de cortar o coração), o filme é leve e bem humorado, tanto que é classificado como comédia e não como drama. É um filme para a família assistir reunida, numa ótima oportunidade para discutir o tema racismo com a criançada. O filme é baseado numa história real. Eu cresci numa cidade com os mesmos aspectos e preconceitos, e até hoje presencio comportamentos desse tipo. Triste, mas resta a esperança de que a bondade, a justiça, a empatia e o conhecimento prevaleçam sobre a cor da pele.

Título Original: Bienvenue à Marly-Gomont
País de Origem: França
Ano: 2016
Direção: Julien Rambaldi
Elenco: Marc Zinga, Médina Diarra, Aïssa Maïga, Bayron Lebli

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sábado, 29 de outubro de 2016

O ÚLTIMO CAPÍTULO



"Eu sempre disse que uma casa onde ocorreu um assassinato nunca mais pode ser comprada ou vendida pelos vivos. Só pode ser emprestada dos fantasmas que ficam para trás. Que ficam indo e vindo, saindo e voltando de novo." Lily é uma enfermeira contratada para cuidar de uma idosa, autora de vários livros de terror. Com o passar do tempo, ela percebe fatos anormais acontecerem na casa. É um filme bonito e poético. O clima fica totalmente pela trilha sonora, pelos ângulos perfeitos e pelas ótimas atuações. Eu esperei mais detalhes que pudessem aprofundar e conectar melhor as personagens, mas nisso o filme me desapontou um pouco. É um filme para ser apreciado, de uma história que precisava ser contada, mas não é para ser assistido por qualquer um em um momento qualquer. Também não é um filme para ser revisto, pelo menos não por mim...

Título Original: I Am The Pretty Thing That Lives In The House 
País: Estados Unidos da América
Ano: 2016
Direção: Oz Perkins
Elenco: Ruth Wilson, Paula Prentis, Lucy Boynton

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domingo, 4 de setembro de 2016

HOPE



Hope é a história de uma menina de oito anos que, certo dia, ao caminhar sozinha para a escola, é sequestrada e estuprada. Largada para morrer, é encontrada e sobrevive. Seus pais, devastados pelo ocorrido, tentam encontrar forças para lutar por justiça e ajudar na recuperação da menina. 
Hope trata de um assunto pesado, porém, de uma forma poética e com extrema sensibilidade. O filme não tem cenas de violência e nem é apelativo. Apenas retrata, de forma pura, a luta dos pais por justiça e pela recuperação da menina. As atuações são ótimas, em especial da menina Lee Re, que faz esquecer que é um filme e te faz querer ir lá consolá-la. É um belo filme,  e uma bela lição sobre paternidade, amizade e perseverança. 

Título Original: So-Won
País: Coreia do Sul
Ano: 2013
Gênero: Drama
Direção: Lee Joon-ik
Elenco: Lee Re, Kiung-gu Sol, Uhm Seon-mi

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sexta-feira, 27 de maio de 2016

PONYO: UMA AMIZADE QUE VEIO DO MAR


Sinopse:
Ponyo é um peixinho vermelho que vive no fundo do oceano com suas irmãzinhas e seu pai, um feiticeiro. Ao subir à superfície, conhece Sosuke, um menino de 5 anos que promete cuidar dela. Porém, seu pai a faz retornar para o oceano. Ao tentar novamente escapar, Ponyo utiliza magia para se transformar numa menina e ir ao encontro de Sosuke. Isso, no entanto, tem consequências drásticas, fazendo com o que o nível do oceano suba, deixando tudo submerso.

Título Original: 崖の上のポニョ (Japão)
Ano: 2008
Direção: Hayao Miyazaki

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Opinião:
Lembro quando coloquei um trechinho desse filme para a filha de uma amiga, então com 4 aninhos, assistir. Era a versão legendada, com áudio original em japonês. Eu disse para ela que iria conseguir a versão em português, mas ela nem quis saber, acabou assistindo inteiro sem entender uma palavra (na verdade ela me fez ler quase todas as legendas). Enfim, esse é um daqueles filmes que prendem a atenção de crianças pequenas (e de adultos também). É puro, ingênuo e sensível. É uma bela lição de ecologia, mostrando como nós, humanos, somos os responsáveis pela destruição do meio ambiente. 
Assim como a maioria dos filmes do mestre Miyazaki, este também traz espíritos de lendas japonesas antigas, e com vilão que não é totalmente mau. Aqui, a figura do vilão é representada pelo pai da Ponyo, um feiticeiro que renunciou sua humanidade para viver no fundo do mar. Segundo ele, o que o fez tomar essa decisão foi a maldade do ser humano e sua falta de respeito com o meio ambiente (e podemos julgá-lo por isso?).